A inclusão escolar dos portadores de necessidades especiais



                    A inclusão escolar baseia-se no princípio da igualdade de oportunidades educacionais para todos. Essa postura reflete a educação especial como prática constante na promoção de harmonia entre as diversidades. Não se trata apenas de incutir na escola comum parcelas da educação especial, trata-se de promover o convívio entre os diferentes, de ampliar as possibilidades de interação para buscar a igualdade de oportunidades.

           Compreender os princípios da inclusão e analisá-los no cotidiano escolar é uma tarefa necessária para se ter acesso ao conhecimento da realidade. Não basta estudar as teorias, é preciso associá-las às manifestações reais e plurais. Por isso, essa pesquisa visa à reflexão sobre o desafio da inclusão de alunos especiais na sala de aula comum e retrata o isolamento deles nessas salas. Ela aborda também as definições da escola integradora e inclusiva, antes de clarear sobre o porquê incluir e de esclarecer o isolamento de deficientes em salas comuns. 

           Por tudo isso, a pesquisa propõe uma reflexão sobre o papel da escola, esclarece a ação escolar como prática integradora em plena era de inclusão. É esclarecido também que o papel transformador da escola é pautado numa proposta de mediação no processo de ensino e aprendizagem, com base na convivência harmoniosa das diferenças. 

           Quanto à inclusão, a pesquisa retrata que tal proposta visa à aproximação ativa do sujeito com as atividades cotidianas. Estas, por sua vez, têm de ser significativas para produzir aprendizagem, independentemente das capacidades do educando. Assim, a escola, ao receber o aluno portador de deficiência e não possibilitar a ele caminhos para desenvolver e evoluir deixa de praticar, na realidade, a proposta da escola integradora.

             Em síntese, este trabalho reafirma que o direito à educação é igualitário e que, para se efetivar, tem de se tornar realidade com a interação entre as diferenças. Então, não haverá motivo do isolamento de qualquer pessoa.     

             É comum ouvir críticas à prática da inserção de alunos com deficiência na escola “regular comum”, que apontam o fato de esses estudantes terem sido retirados de escolas especiais e jogados numa sala de aula, sem professores preparados para ensiná-los, sem materiais pedagógicos apropriados e sem suportes terapêuticos e/ou tecnológicos.
 
             As escolas que recebem esses alunos, sob a condição de que eles se adaptem ao sistema escolar vigente, provando que são capazes de acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas, podem ser denominadas integradoras, isto é, não adaptam seu sistema às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência.
            
             A proposta interativa da escola é propiciar a inclusão com transformações nas metodologias de ensino. Segundo JOVER (1999), é preciso haver equilíbrio entre o ensinar e o aprender, e o espaço ideal para esse equilíbrio é aquele em que há compromisso de quem ensina e o desejo de quem aprende. Quanto aos alunos com deficiência, além dos problemas que se manifestam no campo do desempenho intelectual, outros aparecem pelo fato de os educandos serem submetidos a procedimentos ligados a limitações diversas. Uma pessoa excepcional, por exemplo, normalmente é rotulada de incapaz porque há inadequação da prática cotidiana da escola com a proposta de aprendizagem pautada na interação entre as diversidades. Então o excepcional é impedido de se beneficiar do ensino da escola comum, mesmo sendo frequentador dela.

[...] Essencialmente, uma criança excepcional é a que, do ponto de vista intelectual, físico, social ou emocional, está tão notavelmente desviada do que é considerado crescimento e desenvolvimento normal que não pode se beneficiar ao máximo com um programa escolar comum e requer uma classe especial ou instrução e serviços complementares. (Cruickshank apud Silvia Da Ros, 2002, pág. 24-25).   

               A partir da definição, infere-se a impossibilidade de acesso ao conhecimento veiculado na escola dos “normais. Assim, os alunos com deficiência tendem a se isolar porque a educação voltada a eles impõe premissas que detectam suas limitações. Por isso, a educação especial parece não ter privilegiado o processo de mediação, aquele em que o professor traz ao pedagógico os significados produzidos pelo contexto em que se encontra o sujeito. Sobre significados de interações sociais e desenvolvimento, OLIVEIRA (apud DA ROS, 2002), ressalta a importância da dinâmica da ressignificação que movimenta a educação mediadora:

[...] Conforme o educador delimita o leque de significações sendo trabalhadas a cada momento, ele apresenta certas definições ou exemplos, ou organiza atividades e seleciona o material com o qual irá trabalhar. Além disso aponta para a criança certas contradições e saídas que se colocam, historicamente, nos tópicos sendo discutidos. Todavia, a direção do processo de apontamento de signos pelo educador tem de interagir com as intenções e os sentidos (direções) apontados pelas crianças. Estas trabalham, ressignificam e modificam o conjunto de significados anteriormente construídos. (Oliveira, 1995, pág. 61)

             Então, por que incluir?  As relações sociais revelam, segundo FEUERTEIN (apud DA ROS, 2002), que o sujeito vive em mudança constante. É possível então juntar, num só projeto, o pedagógico, a questão cultural e a compreensão de que homem e relações sociais não se encontram dissociados. Segundo DA ROS (pág. 10, 2002), os contextos interativos produzem novas possibilidades de relação entre sujeito e mundo. De fato, essa concepção permite entender que a educação inclusiva habilita o convívio entre os diferentes. Isso supõe relações interpessoais voltadas para o crescimento interior, sustentado por significativas experiências de aprendizagem. Esta é, pois, mediada via interações e mediações humanas. DA ROS (2002) considera que isso aponta uma concepção do processo de desenvolvimento e aprendizagem pelo e no coletivo. Essa consideração da pesquisadora é porque o trabalho de mediação para Feuerstein (apud DA ROS, 2002, p. 20)

[...] é uma experiência intrapessoal, produzida por relações intrapessoais. É uma experiência não é uma confrontação de conhecimentos, por transmissão... O que medeia o indivíduo é o fato de que ele, enquanto sujeito, interage com o outro que é sujeito também. Há uma reciprocidade entre os dois sujeitos, um encontro.

               É viável que toda a escola assuma essa situação, comum a cerca de 27 milhões de brasileiros, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas não basta ambiente rico em diversidade e pobre quanto à significação, ao desenvolvimento das inteligências. DA ROS (2002), ao dizer que a inteligência é definida como construção mediada, cita a definição de Feuerstein:

 [...] nós definimos inteligência como a capacidade do organismo de [...] adaptar-se à realidade em movimento [...]. Esta definição, que abandona totalmente as tendências à retificação, é adotada por muitos pesquisadores: ela propõe uma visão dinâmica, desprovida de toda concretização fixista e estável [...]. Definida como tal, a inteligência humana só pode ser considerada como um produto das experiências de aprendizagens mediadas. (Feuerstein, apud DA ROS, 2002, pág. 32)

            
              Numa sala de aula plural, é comum a presença de alunos que aparentemente fazem tudo como manda o figurino, mas não atingem bons resultados.  Em plena era de inclusão, é verificável que o aluno deficiente se isola na sala de aula porque o professor, também isolado em seu mundo de trabalho, não consegue propor atividades que garantam a interação entre as diversidades. Essa forma de relacionamento garante a ligação por laços de afeto e produz um efeito significativo na personalidade dos estudantes. A proposta inclusiva, então, garante a qualidade para todos, principalmente com o desafio de incluir deficientes em sala de aulas comuns.
             
          A prática da inclusão, que se baseia em princípios diferentes do convencional: aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana e aprendizagem por meio da cooperação, demonstra a construção de propostas de sentido, ao operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas de leituras. Em decorrência disso, postula-se que a interação social exige muito mais que o simples recebimento de informações via transmissões acumulativas. É necessária a abordagem de estratégias, no momento da leitura e da escrita, que tomem como ponto de partida as pistas que o texto oferece para construir um sentido que seja compatível com uma proposta interativa.
              
             No século XXI, a busca do potencial nas identidades individuais precisa percorrer o paradigma da inclusão. É por isso que todas as pessoas da sociedade têm de adotar os princípios da igualdade, da autonomia e da cooperação, para juntas, aprenderem com as diversidades.

            Baseando-se nas considerações anteriores, é importante reafirmar que o ambiente em sala de aula, para ser o mais normal possível, exige uma filosofia vinculada à proposta real de inclusão. Para isso, a convivência entre alunos e professores precisa refletir suas realidades, suas limitações e expectativas. Só assim é possível aprender com as diversidades. Com esse perfil, a inclusão será real.  Assim, um portador de down, por exemplo, pode passar, na sala de aula comum, pelas fases de síncrese (visão caótica do todo), análise (abstrações que ordenam o caos) e síntese (totalização das relações), momentos significativos da aprendizagem, conforme descreve ANTUNES (1997).

              Por essas razões, tal prática requer transformação do espaço escolar. Em vez de transmissão de informações e aprendizagem de conteúdos, a prioridade tem de ser vinculada à formação de conceitos, ao desenvolvimento de habilidades e à avaliação de tarefas relevantes favoráveis à interação. Enfim, é necessário favorecer a interação do aluno de forma que ele aprenda a conviver. Essa é uma proposta vinculada ao Construtivismo que, segundo MACHADO (1996 – apud ANTUNES, 1997) aproxima o trabalho ao de um poeta. Para mostrar a aproximação entre o trabalho do professor e o do poeta, Machado diz que o professor é responsável por estabelecer tais pontes, ao aproximar seu trabalho de uma dimensão poética, que sobrepuja os aspectos meramente técnicos de seu fazer, inspirando conexões muitas vezes inesperadas.

          A inclusão social nas escolas sempre suscita questões conflitantes. Os pais buscam, na instituição, condições de um ensino justo e de qualidade, mas as escolas, muitas vezes, não dispõem de recursos para tal, causando prejuízos, principalmente, para o portador de deficiência.

               Toda escola deve assumir o caráter inclusivo, que não pode ser visto apenas como uma ação desenfreada de incluir fisicamente. É preciso, entre outros pontos, um trabalho muito forte de conscientização e capacitação tanto de professores como de alunos para poder lidar com essa realidade.

               Então o papel transformador da escola faz com que a instituição cumpra seu papel mediador. As indagações e verificações a respeito das pluralidades em sala de aula ajudam a detectar as dificuldades daqueles que têm necessidades especiais de aprendizagem. Esse é um passo importante para fazer da interação o princípio norteador da convivência harmoniosa.

               Baseando-se nas análises feitas sobre a ação escolar em relação ao portador de deficiência em sala de aula comum, foi possível verificar que o paradigma da integração escolar se sobrepõe ao da inclusão, uma vez que os objetivos propostos para as aulas são pautados na ideia de que todos os alunos aprendem do mesmo jeito e ao mesmo tempo. Como no modelo integrativo apenas as pessoas com capacidades normais têm maiores chances de se desenvolverem, nota-se que é extremamente necessária a capacitação dos profissionais da educação para que se tenha uma proposta inclusiva atuante. 
               
              Para a escola cumprir sua função social na vida do deficiente, especialmente, precisa estimular o aluno para que ele se envolva ativamente nas tarefas. Para isso, a educação inclusiva, para conseguir êxito no desafio de educar, precisa sensibilizar e treinar todos os funcionários e também os pais para, juntos, desempenharem um papel ativo no processo de inclusão.

Como se vê não basta requisitar do MEC o material sobre deficiência dirigido a escolas, é preciso compreender que os alunos com deficiência, em experiência direta com a variedade das capacidades humanas, aprendem a gostar das diversidades e ficam melhor preparados para a vida em uma sociedade diversificada. Eles entendem, então, que são diferentes, mas não inferiores. Dessa convivência surgem os relacionamentos interativos em sala de aula e, consequentemente, não haverá isolamento de alunos com deficiência. 

Quando não há preconceito, há o envolvimento da diversidade. Para isso, faz-se necessária a participação ativa dos alunos em teatro, diálogos e atividades que exploram, principalmente, o lúdico. 

O ambiente de inclusão, assumindo o compromisso de receber e valorizar alunos com necessidades especiais, tem de abrir espaços para os vários talentos e aptidões dos alunos, pois quem não sabe uma coisa sabe outra. Se alguém não quer um papel, ganha outro ou então fica na platéia. O importante é nortear, ativamente, o envolvimento de cada um.    

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